Era 1987 e aconteceu comigo a mesma história que rolou com muita gente.
Depois de ouvir no sábado à noite o programa de rádio, que eu mais curtia na época, encontrei a turma lá da rua, amigos de infância e todos eles tinham o mesmo vício. Imediatamente veio de um deles o comentário que eu ia fazer: "Você ouviu a música nova que tocou de um negão? Era assim: "Never gonna give, never gonna give"...Isso no alto do nosso mais precário inglês, claro.
Similaridades vocais com gente como Colonel Abrahms, Keith Nunnally e outros ídolos nossos na época à parte, eu jamais imaginaria que aquele "negão" se tornaria alguém tão popular, afinal, era tanta música na época e a maioria absoluta que tocava no programa não passeava em programação normal de rádio, eram músicas genuinamente de pista, não música pop, tanto que o trecho que o meu amigo citou foi do Remix da época.
Richard Paul Astley, inglês de Newton-le-Willows, Merseyside, era membro de uma banda chamada FBI, ofício que associava ao de ser motorista da empresa de jardinagem de seu seu pai. Vou dar um "fast forward", porque a história dele é longa...Enfim, Rick vendeu mais de 40 milhões de discos. A MTV criou um prêmio pra homenagear um artista que seria o melhor artista de todos os tempos ("Best Act Ever") e ele foi mais uma vez o abençoado.
Nos últimos anos apareceu um fenômeno na internet chamado "Rickroll", que consiste em aparições em lugares inusitados de alguém cantando "Never Gonna Give You Up", uma das primeiras foi justamente com o próprio, no dia de ações de graça da loja Macy's, tradicionalíssimo evento americano.
Depois de um hiato, que durou de meiados da década de 90 até 2000, quando ele reapareceu com a maravilhosa "Sleeping", ele não pára, se apresenta frequentemente em vários lugares no mundo e hoje aos 44 anos continua com a sólida carreira e de música nova, "Lights Out".
23 anos depois de ter ouvido a música pela primeira vez, ela reaparece de roupa nova, sem os adereços do saudoso trio de Hitmakers Stock, Aitken e Waterman, mas um pouquinho mais moderna, numa linguagem adaptada ao som House de hoje.