domingo, 4 de novembro de 2007

David Morales ao vivo na The Week, Rio, 3 de novembro


Sexta-feira, feriadão, eu fortemente inclinado a não ir na The Week, uma boite aqui no Rio onde tocaria na mesma noite, ninguém menos que o lendário Nova-iorquino de origem latina.

Ainda que os últimos trabalhos dele não me empolgassem à ir, eu tinha que ver quem me fez comprar tantos singles de 15 de 16 anos pra cá. Aliada a insistência de um grande amigo ao fato d'eu ter escutado pela tarde algumas coisas da beleza de Londonbeat - "Come back" e Loraine Cato - "Love on and on"...Não teve jeito, lá estava eu e munido de celular pra registrar com fotos e vídeos, qualquer coisa.

Engraçado que eu era fã e só fui ver uma simples foto dele, mais de 5 anos depois de tanta admiração, pois é, antes não era tão fácil saber como eram os ídolos djs internacionais, produtores, remixers, hoje em tempos de internet se duvidar o perfume que ele usa no dia deve ser bobagem saber...

Evidentemente que Morales não fez o som dos meus sonhos (nem sei se um dia ele já fez, apesar de ter produzido o som dos meus sonhos, por muitos anos), mas valeu à pena demais ter ido.

Pra mim o ponto alto da noite foi quando ele tocou o "I feel love" de Donna Summer com Remix de Memê. Sabermos que isso rola desde 96, quando Knuckles fez o mesmo com Des'ree - "Living in the city", em pleno Sound Factory Bar é uma coisa, mas ver é outra coisa. Memê brincando jogou no mixer uma nota de 5 reais, em alusiva brincadeira das mais recreativas sob um suposto pagamento de jabá por Morales ter tocado seu Remix. Alí eu já estava satisfeito, ele podia tocar o que fosse, podia voltar a ser "fechado", introspectivo e pouco simpático como fosse, mas ver uma lenda como ele tocando um remix de Memê pra mim foi o ápice da noite.

Falando em "marrento" (gíria carioca que caracteriza alguém que "tira onda", é "metido á besta" etc), Morales me pareceu o contrário disso. Achei que ele não foi com minha cara ao ser apresentado à ele, tamanha força que apertou minha mão, mas o sorriso e a forma que me tratou era diametralmente oposta à tudo que eu já tinha escutado sobre o jeito dele, foi muito, muito simpático e sorridente, algo ausente de todas as fotos que eu já tinha visto dele, além das palavras de nobres colegas de profissão que tiveram contato com ele por mais de 4 segundos.

Acho que eu de certa forma estava anestesiado, eu sou fã dele desde que escutei "Instinctual", do Imagination, em 88, depois ví um Remix de The Jacksons - "Nothing compares to you", com o mesmo nome e pensei: "Esse cara é bom!" Nem todos devem se lembrar de "Tell the Truth", faixa de um grupo chamado Sequal, da mesma época, também era produzido por ele, quando de vez em quando ainda assinava como "Dave Morales".

Eu jamais imaginei que anos depois eu compraria todos os vinis que vinham com a assinatura dele, independente do artista. Comentei com ele desde quando eu admiro o trabalho e citei alguns singles de longíncua data, ele fez cara de surpreso, mas afinal, quantos Edvaldos fanzocas ele deve encontrar mundo àfora...

Fiz além de fotos, um vídeo no celular, desse cara que já foi um dia, antes de todo o estrelato, barrado em boite, por ser negro, mas que deu uma volta por cima da vida que talvez nem ele imaginasse. Toda sua discografia, a belíssima obra e 2 Grammys, não é pra qualquer ser humano.

Não me importo com o que diz ou julgue a DJ Magazine, Morales e Knuckles jamais devem deixar de estar entre os 5 maiores DJs do mundo, pouco me importa a insanidade do critério que eles usam, ou tão vago e limitado é o conhecimento do público (predominantemente europeu) que vota nessas enquetes. Prova maior que os DJs Brasileiros que sempre fazem tournés internacionais e brilham lá fora não há.


Nenhum comentário: